segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Filme: Amante a Domicílio


Dono de uma pequena livraria familiar à beira da falência vislumbra a solução de seus problemas financeiros quando sua dermatologista comenta casualmente que queria fazer sexo a três. Sem pensar duas vezes, o espertalhão oferece os serviços de um amigo, transformando involuntariamente o coitado em garoto de programa e tornando-se seu gigolô.


Nova York. Trapalhadas envolvendo sexo. Um italiano sedutor. Um judeu iniciando um novo empreendimento e entrando em conflito com a patrulha dos ortodoxos do bairro. Trilha sonora jazzística. Woody Allen em mais uma interpretação que deixa dúvidas sobre se ele está encarnando um personagem ou apenas sendo ele mesmo. Mais uma clássica comédia romântica de Allen. Não, espera! Se eu não soubesse que este é um filme dirigido por John Turturro, poderia facilmente classificá-lo com um legítimo Woody Allen. O que não deixa de ser um elogio.


E então que desta vez Woody interpreta Murray, o tal dono da livraria que vê o negócio de família ir pro buraco e vai morar de favor na casa da cunhada, que tem uma penca de filhos. Quando vê a oportunidade de conseguir uma grana satisfazendo uma fantasia sexual da Dra. Parker (Sharon Stone), ele coloca o romântico e também quase falido amigo na jogada (Fioravante, vivido pelo próprio John Turturro). É claro que Fior acha tudo um absurdo, mas analisa sua situação financeira e decide arriscar. Para surpresa de todos, ele demonstra um talento natural para a coisa e os negócios prosperam.


No entanto, as coisas começam a complicar quando a Dra. Parker se mostra ciumenta e fica em dúvida se quer mesmo dividir seu precioso amante com a amiga com quem pretendia ir para a cama (Selima, interpretada por Sofía Vergara). Para piorar, Fior se apaixona por uma das clientes que deveria atender - a jovem e solitária viúva judia apegada às tradições (Avigal, vivida por Vanessa Paradis). Como desgraça pouca é bobagem, Avigal é o interesse romântico de Dovi (Liev Schreiber), o chefe da patrulha judia do bairro. Já deu para imaginar a confusão, né?


“Amante a Domicílio” é um filme leve que mistura de forma equilibrada romance, comédia e drama. Apesar da premissa non-sense, a história funciona. Os personagens são um tanto ingênuos, mas talvez seja exatamente isso que os torne cativantes. Deixa aquela sensação de nostalgia de um tempo não vivido, quando as pessoas eram mais inocentes e o mundo parecia um lugar melhor, onde os sonhos ainda existiam. Aquele tipo de história que anima qualquer dia ruim e te deixa feliz no final.


Além disso, o filme conta com algumas cenas impagáveis, como quando Murray tenta convencer Fioravante a assumir a nova profissão e este último diz que não se acha bonito o bastante. Murray contra-ataca dizendo que Fior seria um bom garoto de programa justamente porque não é excepcionalmente bonito, tem cara de homem de verdade e ainda usa Mick Jagger como comparação. As cenas de Woody lidando com a molecada também são hilárias: medo de pegar piolho, explicando o que é um gigolô e tentando armar um jogo de baseball entre os sobrinhos e os filhos de Avigal enquanto as crianças maliciosamente sugerem um ‘negros’ vs ‘judeus’.

Filme delicioso para qualquer ocasião, mas principalmente nessas tardes frias e chuvosas.


Trailer legendado:

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