segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Veja Mais Mulheres: Filme #30 - American Mary


Mary é uma estudante de medicina muito dedicada, mas totalmente falida. Um dia, em uma atitude desesperada, ela vai até um clube de striptease se candidatar a uma vaga. Uma confusão acontece no local e ela acaba usando seu conhecimento médico para salvar a vida de um cara. E essa é sua porta de entrada para o mundo das cirurgias clandestinas.


O acaso faz Mary ingressar no submundo dos negócios ilícitos e ganhar fama entre pessoas interessadas em modificação corporal; uma experiência traumática envolvendo seu ex-professor a faz ver em sua nova atividade uma oportunidade de vingança; mas seu talento e sua identificação com esse universo marginal são o que a mantêm ali.


O filme merece crédito por mostrar a parte reprovável da faculdade de medicina, com médicos e estudantes tratando pacientes sem um pingo de dignidade ou compaixão, com as piadinhas escrotas e falta de respeito às mulheres, com os abusos verbais e de poder dos professores e, no caso de Mary, a coisa termina em abuso sexual. Pesado.


Outro ponto positivo é tentar mostrar aqueles que curtem modificações corporais como pessoas normais, não aberrações. Nesse quesito, não sei se o filme cumpriu o objetivo porque, todos os personagens modificados da trama aparecem como fetiche, objetificados. A parte boa é que levanta questões, como ‘Até que ponto as pessoas mudam sua aparência porque querem, não para agradar aos outros?’, ‘Qual o limite?’, ‘A imagem que temos de nós mesmos corresponde àquela real?'.


No entanto, na parte final as coisas desandam. A protagonista começa a atacar outras mulheres por ciúme (close errado, amiga) e a história fica totalmente confusa. A impressão que tive é que as diretoras não sabiam mais como continuar e decidiram encerrar logo o filme.


Resumindo, “American Mary” é um filme que tem um início interessante, mas que se perde no desenrolar na trama. Apesar dos deslizes, acho válido conferir por apresentar uma protagonista que não está lá no filme de terror apenas para servir de vítima.

Nota: 3/5
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Sobre as diretoras:

As gêmeas Jen e Sylvia Soska, conhecidas como ‘Irmãs Soska’ são canadenses e trabalham como produtoras, roteiristas, atrizes e diretoras. Apaixonadas pelo terror desde crianças e frequentando sets desde os 7 anos, elas não tiveram dúvida sobre o caminho a seguir. Embora tenham se graduado em cinema, elas dizem que não aprenderam grande coisa na faculdade, e que tudo que sabem veio de observação do trabalho dos outros profissionais e de muita experimentação. O primeiro filme da dupla, que também foi o projeto final de curso delas, foi o ‘Dead hooker in a trunk’ (2009). Depois vieram ‘American Mary’ (2012), um segmento no ‘ABCs of Death 2’ (2014), ‘Noite do Terror 2’ (2014) e ‘Vingança’ (2015). Atualmente, elas estão trabalhando em uma refilmagem de ‘Rabid’, do compatriota David Cronenberg.


Este post faz parte do projeto Veja Mais Mulheres, criado pela Cláudia Oliveira. Para ver o post de apresentação que inclui minha lista de filmes e os links para as respectivas postagens, clique AQUI.   

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