quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Resenha: Quarto (Emma Donoghue)


Para Jack, um inteligente garoto de cinco anos, o Quarto é o universo. É lá que ele nasceu e onde vive desde então na companhia de sua Mãe. Em seu pequeno mundo de poucos metros quadrados, Jack e a Mãe seguem suas rotinas, leem, brincam, comem, fazem exercícios e dormem. Ali, naquele pedacinho do mundo, o espaço é restrito e a comida é racionada, mas algumas coisas são ilimitadas para Jack: o amor de sua Mãe e sua imaginação. No entanto, o que basta para uma criança de 5 anos nem de longe é suficiente para um adulto, e é por isso que a Mãe, reunindo toda a coragem que ainda possuía, decide colocar em prática um plano arriscado que vinha elaborando há anos: fugir do Quarto.

“Quarto” é um livro excepcional. Narrado por Jack, tudo o que conhecemos são impressões de uma criança de cinco anos sobre as coisas que a cercam. O texto traz os sentimentos, as dúvidas, os medos e alegrias infantis, marcado por expressões e erros gramaticais e de conjugação verbal típicos da idade (por exemplo: fazeu, trazeria, mais maior de grande, gigante gigantesco etc).

Não dá para falar muito sobre a trama para não estragar as surpresas. Aconselho muito a quem pretende conhecer a história que evite até mesmo ler a contracapa, porque acho que há informações de mais lá. Tudo o que eu sabia ao começar a ler o livro é que havia um quarto onde viviam uma criança e sua mãe. E só. Achei ótimo ter conseguido me conter e não procurar mais nada sobre a história, pois assim pude ir descobrindo os detalhes aos poucos, fui entendendo melhor algumas passagens conforme a trama evoluía. Foi um aprendizado gradual, como acontece com todos nós em nosso processo de amadurecimento.

Só posso comentar sobre os sentimentos que surgiram enquanto eu lia: a raiva que senti do Velho Nick, a admiração que tive pela Mãe por seu imenso amor e cuidados que dedicava ao filho apesar de seu desespero e sofrimento, as surpresas que tive com Jack e sua ingenuidade, inteligência e coragem.

Enfim... um dos livros mais diferentes e emocionantes que já li. Mostra bem a incrível força de viver e de superação que algumas pessoas possuem, bem como o lado ruim da humanidade ao explorar outros seres humanos (e seres vivos em geral) para satisfação pessoal ou comercial. Com certeza vai estar no meu TOP 3 de melhores livros do ano (que provavelmente vou acabar transformando em TOP 5, no mínimo).

“- Como você fez um desenho dormindo?
- Não, eu estava acordada. Ontem de manhã e anteontem, e no dia antes desse, acendi o abajur e desenhei você. – Ela parou de sorrir. – O que foi, Jack? Não gostou?
- Não... não quando você fica acesa na mesma hora que estou apagado.
- Bem, eu não podia desenhá-lo com você acordado, senão não seria surpresa, não é? – a Mãe disse, e esperou. – Achei que você gostaria de uma surpresa.
- Prefiro surpresa com eu sabendo.”
(Quarto, página 17 – Diálogo entre a Mãe e Jack)

7 comentários:

Anônimo disse...

Eu não conhecia o livro, mas gosto de descobrir novas leituras.
Essa temática de relacionar a imaginação de uma criança com a realidade crítica da mãe, é algo muito curioso e profundo.
Se eu tiver uma oportunidade, leio o livro sim!

Bjs ;)

Karla disse...

Ai Mi, o pior é que a curiosidade bateu pra saber mais da história...rs. Mas pelo visto é uma história séria contada de um modo bonito e inocente visto por uma criança.
Parece muito legal!
bjs

Michelle disse...

Ah, meninas...
A história é dura e triste, mas a forma como o Jack enxerga é muito lúdica, o que confere leveza ao texto.
Há rumores de que o livro será adaptado para o cinema. Se fizerem um trabalho bem feito, podem preparar a caixa de lenços.
bjo

Sarah disse...

Lembro de comentar desse livro com vc Mi! Também não queria te contar mta coisa pra não estragar a leitura, mas é mesmo muito bom. A forma diferente de narrar a história do ponto de vista do menino é genial, muito bem feita. Várias coisas eu vejo igualzinho no Bento (apesar de Bento ser mais novo), como o fascínio pelo desenho da Dora, hahahah!!
Agora, é angustiante mesmo imaginar viver naquele ambiente fechado. Acho que vou comentar mais por email pra não estragar a supresa dos seus leitores!
bjos!

agnes disse...

own, adoro livros narrados por crianças! e já imagino o quanto vou gostar de ler esse! ainda nao conhecia...
concordo com você, algumas sinopses e capas falam muito e estragam surpresas, mesmo que simples..

beijos!

Anônimo disse...

Eu já tinha ouvido falar desse livro e ele me despertou muita curiosidade, e sua resenha me deixou mais curiosa ainda, mas eu quero deixar a leitura dele para outro momento, não sei porque, fico desconfiando que vou me emocionar mais do que deveria, rs. Beijo!

Anônimo disse...

Quando eu trabalhava na livraria, me falavam mto desse livro, mas nunca peguei pra ler. Fiquei curiosa! Qdo tiver tempo, vou ler com certeza. :)

bjs!